RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 45
realizações a institucionalização das execuções sumárias como modelo padrão de ação
da polícia militar.
Os militares e o governo Alencar
Uma das primeiras medidas do governo Marcelo Alencar foi solicitar um
prolongamento da Operação Rio, iniciada em outubro do ano anterior e prevista para se
encerrar em dezembro daquele mesmo ano. Um dos poucos saldos da Operação foi o
aumento vertiginoso dos índices de criminalidade. Dos resultados esperados, como a
prisão de líderes do tráfico ou a desarticulação de grupos de extermínio, nenhum foi
atingido. Mesmo assim o novo governador eleito acertou, ainda no período de transição,
sua continuidade por mais três meses – prorrogados por mais quatro, com a Operação
Rio II.
Os ares militarizados não se restringiam, porém, apenas à presença do exército nas ruas.
Aos tanques e soldados armados somava-se a volta da Secretaria de Segurança Pública
– extinta por Brizola em 1983 por ser diretamente identificada com o modelo de
segurança da ditadura militar – e, no seu comando, pela primeira vez em dez anos de
democracia, figuravam oficiais do Exército. De janeiro a maio de 1995 o general da
reserva Euclimar Lima da Cunha; entre maio de 1995 e abril de 1998, o general Newton
Cerqueira; e de abril a dezembro de 1998 o coronel Noaldo Alves Lima.
Apesar da presença do Exército, entre meia-noite e meio-dia de vinte e um de
fevereiro de 1995 vinte e uma pessoas foram assassinadas nas ruas de Brás de Pina,
Benfica, Ricardo de Albuquerque, Méier, São Cristóvão, Maracanã, Botafogo,
Copacabana, Barra da Tijuca, e também em Nilópolis e Japeri [O Globo, 22/02/95].
Quase um assassinato a cada trinta minutos. Em todos os casos ou as pessoas foram
alvejadas na rua por ocupantes de automóveis sem identificação ou achadas dentro de
porta-malas em carros abandonados. Um mês depois, a Operação Rio II é anunciada
pelo governador Marcelo Alencar para o início de abril, com previsão de encerramento
em julho.