RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 118
suspeitos do crime teria denunciado estar sendo coagido pela polícia para assumir o
crime.
A intervenção federal na segurança pública estadual chega ao seu fim no dia 31 de
dezembro de 2018. Em agosto, o General Braga Netto afirmou que o crime estaria
solucionado. A menos de um mês para o prazo final, a intervenção não surtiu os efeitos
esperados e o crime parece longe de estar solucionado. Os dados sobre violência não
tiveram uma diminuição significativa em relação ao último ano, houve um aumento
significativo de denúncia de violação cometidas por policiais nas favelas e os gastos em
dinheiro para ações do exército foram exorbitantes. O números de homicídios no estado,
incluindo o de policiais, seguem aumentando. Em 1 de Novembro, o Ministro da
Segurança Pública, Raul Jungmann, chegou a anunciar que anuncia que a Polícia
Federal iria “investigar as investigações” depois da divulgação, pela imprensa, de que
um grupo organizado, que contaria inclusive com a participação de agentes do estado,
estaria atuando para atrapalhar as investigações. No mesmo dia, o Chefe da Polícia Civil
do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa afirmou que o caso Marielle e Anderson está muito
próximo de sua elucidação. Disso tudo, a única certeza que fica é a de que apagaram
brutalmente a existência de uma das maiores defensoras da igualdade de direitos do
país.
A curva da violência
Apenas há cinco anos, em 2013, tivemos a menor taxa de mortos em suposto confronto
policial. Nesse ano, 416 pessoas foram assassinadas pela polícia. No primeiro ano do
governo Pezão, a polícia matou 645. Em 2016 foram 920 pessoas mortas. No ano de
2017 passamos a casa dos mil e chegamos 1.124 mortes. Em 2018, apenas entre janeiro
e outubro, a polícia assassinou 1.308 pessoas e estamos perto de ultrapassar o recorde
histórico de 1.330 mortes em 2008, sob a administração de Sérgio Cabral. Levando
apenas as mortes admitidas pela polícia, Os números, por si escandalosos, adquirem
ainda mais peso quando os utilizamos para calcular a taxa de letalidade da polícia. A
média global de homicídios por 100 mil habitantes calculada pela Organização Mundial
da Saúde [OMS] em 2015 foi de 6,4 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2017, a taxa
de letalidade policial no Rio de Janeiro foi de 6,6 mortes a cada 100 mil habitantes. Na
média. Entretanto, em regiões como a Baixada Fluminense, o índice de letalidade