Recente Presente - Breve história da imigração coreana em São Paulo Recente Presente | Page 34
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é também conhecer seu público e atrair sua clientela de di-
versas formas possíveis. Cada passo dado, culminou em mais
reconhecimento e em mais lojas migrando do Brás para o Bom
Retiro. No final da década de 80, os judeus que ocupavam a
área foram perdendo força - já que os filhos muitas vezes não
queriam seguir adiante com as lojas dos pais - e os coreanos
conquistaram a fama, tendo um bairro pra chamar de seu.
Também foi nessa época que uma nova gama de imigran-
tes vindos da Coreia chegou ao Brasil, muitos já tendo fami-
liares em terras tupiniquins, outros vindo pelos mesmos mo-
tivos que os primeiros imigrantes: para fugir da miséria e da
fome. Essa é a geração 1.5.
Diferente do que já foi encontrado por aí em matérias jor-
nalísticas escritas por não coreanos, que contam as gerações
por entrada de imigrantes no país, os coreanos contam por
suas gerações de família, que é o modo correto. Porém, como
teve dois movimentos imigratórios importantes em sua his-
tória recente no Brasil, os primeiros imigrantes são conside-
rados a geração 1.0, enquanto que os imigrantes que vieram
logo em seguida - geralmente na década de 70 - são conside-
rados a geração 1.5. A geração 2.0 vem com os já nascidos no
Brasil na década de 80 e 90 - filhos da geração 1.5 -, sendo que
os filhos destes estão formando a geração 3.0.
Nascida na Coreia do Sul, Jessica Kwak, veio para o Brasil
ainda criança, pois seus pais haviam imigrado por volta de
1987, um pouco antes de seu nascimento. A jovem que ama
cantar, tocar e escrever músicas, tem bastante ligação com a
sua cultura de origem e um apreço enorme pela culinária co-
reana, tendo como prato favorito o gamjathang (감자탕), que
é como se fosse um ensopado de batata. E de bebida, ela apre-
cia muito o shikhe (식혜), um suco de arroz. Jessica cresceu na
época em que os comércios realmente se estabeleceram e os
coreanos começaram a sair de seus nichos, encarando as es-
colas e universidades brasileiras com mais frequência.
Natália Pak também cresceu nessa época, frequentando a
escola ao longo da semana, onde criou laços com brasileiros