Ração na Porta Edição 1 | Page 9

descobrINDO O AMOR POR GATOS

Ração na Porta/Setembro, 2015 9

Amor que transborda!

Embora eu tenha bem pouquinho tempo de convivência com os gatos, pois só resgato há pouco mais de 3 anos, tudo aconteceu de forma bastante intensa e apaixonante. Esse ano completam 4 anos que adotei minha primeira gatinha, a Filomena, e eu digo cheia de orgulho que ela mudou minha vida.

Como a maioria das pessoas, eu nunca gostei de gatos, os achava seres egoístas e traiçoeiros. Eu tinha muitos cães, então os gatos eram extraterrestres pra minha compreensão. É muito comum, em quem nunca conheceu o amor de um gato, pensar isso deles. Na verdade, acredito que o fato dos felinos serem os animais mais parecidos conosco faz deles também nosso maior desafio. Não é fácil para o ser humano entender que precisa merecer o amor de um gato já que o cachorro se dá de forma tão simples e rápida. Não é fácil pra nós entender que tudo faz parte de um jogo de sedução e construção de confiança e afinidade. Afinal, quem de nós ama de graça, sem conhecer, conviver ou confiar no outro?

A questão é que fui influenciada por meu namorado a adotar a Filomena e foi a melhor coisa que já fiz em toda minha vida. Comecei a me envolver de tal forma que adotei mais um e depois outro e quando vi estava procurando nas redes sociais pessoas que tivessem esse mesmo amor, que soubessem dessa paixão. Foi quando conheci a "proteção animal" e passei a ter conhecimento de quão grande é esse movimento em prol dos gatos de rua, então resolvi ajudar!

Passei a agir de forma ativa e a resgatar gatos sem parar, as pessoas me procuravam porque sabiam que eu estava disponível. Cheguei a morar em um apartamento de 60m² com 50 gatos resgatados e duas cachorras. Quase enlouqueci! Se eu não tivesse uma estrutura psicológica e um namorado do meu lado me dando tanto apoio, eu teria surtado e entrado em depressão por tudo o que eu via e vivenciava através daqueles gatos tão sofridos, cada um de um jeito e com uma história.

Dormia 3 horas por noite pra conseguir cuidar de todos e ainda trabalhar fora, levar ao vet, alimentar e administrar as redes sociais em busca de ajuda e adoções. Fui pro hospital por duas vezes com crises de estafa, coisa que eu nem sabia que existia. Foi quando larguei minha carreira de contadora com 10 anos de profissão pra me dedicar a trabalhar com gatos! Fui me especializar em comportamento felino e passei a trabalhar como Cat Sitter e com Consultoria Comportamental. Larguei tudo e comecei do zero, me reinventei!

Nesse tempo, tive algumas experiências muito bacanas e bem dolorosas, mas que me ensinaram muito. Tenho histórias de gato com paraplegia das patas traseiras que voltou a andar, resgate de gato no meio de um incêndio, com 40% do corpinho queimado, passando por bebezinhos de mamadeira abandonados ainda de olhos fechados que me tiraram muitas noites de sono pra amamentar e que hoje vivem bem em seus lares adotivos. Já resgatei gato de senhorinha falecida que a vizinha veio me pedir ajuda porque a família o abandonou dentro da casa da falecida, gatas grávidas de rua que pariram na minha casa, gatos nascituros com má formação que eu não consegui vencer, gatos doentes e também saudáveis que só precisavam de comida, água e um pouco de amor pra ficarem lindos e adotáveis. Enfim, muitas histórias com um início triste e com um final muito feliz!

Na verdade o que eu mais aprendi com eles - pois maior bem do que eles me fizeram eu jamais poderei fazer por eles, por mais que eu resgate - é que o amor sempre supera qualquer coisa! Já resgatei gatos com o fêmur fraturado por um chute humano, com a falta de um olho por tortura, que ao me ver exibiam nos olhos o mesmo amor, como se nunca alguém da minha espécie tivesse feito mal algum. O que me faz perguntar como pessoas que resgatam ou convivem com animais podem dizer que preferem bicho do que gente, tendo em vista que a única coisa que eles querem nos ensinar é a confiar, no ser humano e em Deus.

A amargura das pessoas e sua falta de fé não são compreendidas por mim, pois eu bem sei o quanto os animais amam independente da maldade alheia, pois eles sabem que fazer o bem não é algo em que se espera alguma coisa em troca. Amor é algo que se dá independente de se receber de volta!

O que eu peço a Deus hoje é pra que as pessoas retomem a fé no ser humano, que parem de só olhar aquilo que é ruim, pois não há nada pior nesse mundo do que lidar com gente pessimista que só sabe ver desgraça e miséria onde há esperança e possibilidade de mudança! Reclamar e choramingar não vai mudar o mundo, suas atitudes vão!

Desejo a todos que olhem seus gatos bem nos olhos e vejam que a alma deles é limpa de preconceito, de ódio, de lembranças corrosivas e cheia de amor, de fé e de esperança! Que vocês possam se enxergar através desses olhos e talvez se tornarem menos rudes, egoístas e mais altruístas e caridosos.

Gentileza sempre gerou e sempre vai gerar ainda mais gentileza!

Super beijo!

Viviane Dias Ennes

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Dias