Pés no Chão Pés no Chão | Page 66

pés no chão: o São Dimas que vivemos de buraco e sem pavimentação. Eu não tinha com quem contar até o primeiro momento. Vivi três anos da minha vida isolada! Matriculei meu filho na escola, em um bairro que não tinha boa fama, o Monte Castelo, onde aconteciam várias ocorrências policiais, mas não tinha outra opção. Com meu emprego só dava para pagar as contas e fazer compra de alimentos básicos, nada dessas besteiras que as crianças costumam comer. Meu filho passou muita vontade. Esses três anos de adaptação foram difíceis. Até que certo dia, me deparei com uma vizinha que estava passando por problemas. Tenho mania de aconselhar e resolvi ajudá-la. Jane me agradeceu tanto e desde então nos tornamos grandes amigas. A partir dessa amizade, outras surgiram. Eu, Jane, Leandra, Alice e Dona Jacinta, sentávamos na frente da minha casa e ficávamos tricotando, fazendo fofocas, enquanto nossos pestinhas brincavam na rua. Mas o tempo passou. Voou mesmo. Nossos pestinhas cresceram. Jacinta se foi. Alice se mudou, pois seu filho, Juliano, se envolveu com coisa errada e foi assassinado pela polícia. Já meu filho só me dá orgulho! Ele tem 25 anos e está no terceiro ano da faculdade de arquitetura. Foi sofrido chegar até lá. Para pagar a faculdade, Luiz trabalha em uma loja de aparelhos eletrônicos durante o dia, durante à tarde, vende alfajor nos terminais de Curitiba e até mesmo no nosso bairro. Eu faço o alfajor, ele embala e vende. Junto com o dinheiro da minha aposentadoria, pagamos a faculdade e vivemos muito bem! 66