pés no chão: o São Dimas que vivemos
de buraco e sem pavimentação. Eu não tinha com quem
contar até o primeiro momento. Vivi três anos da minha
vida isolada!
Matriculei meu filho na escola, em um bairro que não
tinha boa fama, o Monte Castelo, onde aconteciam várias
ocorrências policiais, mas não tinha outra opção. Com meu
emprego só dava para pagar as contas e fazer compra de
alimentos básicos, nada dessas besteiras que as crianças
costumam comer. Meu filho passou muita vontade.
Esses três anos de adaptação foram difíceis. Até que
certo dia, me deparei com uma vizinha que estava passando
por problemas. Tenho mania de aconselhar e resolvi ajudá-la.
Jane me agradeceu tanto e desde então nos tornamos grandes
amigas. A partir dessa amizade, outras surgiram. Eu, Jane,
Leandra, Alice e Dona Jacinta, sentávamos na frente da minha
casa e ficávamos tricotando, fazendo fofocas, enquanto nossos
pestinhas brincavam na rua.
Mas o tempo passou. Voou mesmo. Nossos pestinhas
cresceram. Jacinta se foi. Alice se mudou, pois seu filho, Juliano,
se envolveu com coisa errada e foi assassinado pela polícia. Já
meu filho só me dá orgulho! Ele tem 25 anos e está no terceiro
ano da faculdade de arquitetura. Foi sofrido chegar até lá.
Para pagar a faculdade, Luiz trabalha em uma loja de
aparelhos eletrônicos durante o dia, durante à tarde, vende
alfajor nos terminais de Curitiba e até mesmo no nosso bairro.
Eu faço o alfajor, ele embala e vende. Junto com o dinheiro da
minha aposentadoria, pagamos a faculdade e vivemos muito
bem!
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