(NCEP), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Dessa parceria, nasceu a ideia de um livro de crônicas
escritas pelos alunos dos oitavos anos B e C. Ao procurar
o que contar sobre o bairro, um novo olhar poderia surgir
nos autores mirins.
Em uma primeira conversa com os adolescentes,
delineou-se um bairro semelhante ao das notícias: perigoso,
esburacado, esquecido. Indo de casa para a escola e da escola
para casa – “é perigoso ficar na rua”, dizem os pais – não viam
nada que pensassem ser digno de um texto. Insistimos. Aos
poucos, trouxemos à tona os aspectos do dia-a-dia que, com
algumas pinceladas, viraram temas. Mas ainda era preciso
expandir o olhar, transpor os muros e colocar os pés no chão.
Saímos pelas ruas mapeando a região. Cada grupo
observou e registrou aspectos da rua que percorreu. Quais
comércios existem ali? Quantas árvores? Quantos animais
abandonados? Quantos muros pixados? Grafites? Quantas
casas mistas? Há calçamento e asfalto? Quem mora aqui e
ali? Qual a história dessa senhora que vende doces? Que
nota daria para esta rua? Quantas igrejas? Nenhuma praça!
O olhar sobre o bairro foi também trabalhado por
meio de oficinas de colagem e fotografia, ferramentas que
auxiliaram no observar e no expressar do que viam e viviam.
A observação gerou dados e ideias de temas para
crônicas. Em alguns casos, no entanto, os temas não foram
suficientes. A imaginação foi maior. Invenções e lendas
deram origem a narrativas. Um desvio de rota que não abriu
mão do objetivo, afinal, um bairro vivo é feito de histórias e
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