Pés no Chão Pés no Chão | Page 12

(NCEP), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dessa parceria, nasceu a ideia de um livro de crônicas escritas pelos alunos dos oitavos anos B e C. Ao procurar o que contar sobre o bairro, um novo olhar poderia surgir nos autores mirins. Em uma primeira conversa com os adolescentes, delineou-se um bairro semelhante ao das notícias: perigoso, esburacado, esquecido. Indo de casa para a escola e da escola para casa – “é perigoso ficar na rua”, dizem os pais – não viam nada que pensassem ser digno de um texto. Insistimos. Aos poucos, trouxemos à tona os aspectos do dia-a-dia que, com algumas pinceladas, viraram temas. Mas ainda era preciso expandir o olhar, transpor os muros e colocar os pés no chão. Saímos pelas ruas mapeando a região. Cada grupo observou e registrou aspectos da rua que percorreu. Quais comércios existem ali? Quantas árvores? Quantos animais abandonados? Quantos muros pixados? Grafites? Quantas casas mistas? Há calçamento e asfalto? Quem mora aqui e ali? Qual a história dessa senhora que vende doces? Que nota daria para esta rua? Quantas igrejas? Nenhuma praça! O olhar sobre o bairro foi também trabalhado por meio de oficinas de colagem e fotografia, ferramentas que auxiliaram no observar e no expressar do que viam e viviam. A observação gerou dados e ideias de temas para crônicas. Em alguns casos, no entanto, os temas não foram suficientes. A imaginação foi maior. Invenções e lendas deram origem a narrativas. Um desvio de rota que não abriu mão do objetivo, afinal, um bairro vivo é feito de histórias e 12