Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 7

Rye sentou-se a poucos passos dos adversários e de frente para a porta traseira. Observava os dois com atenção, sabendo que a briga começaria quan- do o sangue-frio de um deles falhasse, uma mão escorregasse ou alguém chegasse ao limite de sua reduzida capacidade de comunicação. Essas coisas podiam acontecer a qualquer momento. Uma delas aconteceu quando o ônibus passou por um buraco particularmente grande e um dos homens – alto, magro e com sorriso de deboche – foi lançado para cima de seu oponente, mais baixo. O homem menor imediatamente lançou o punho esquerdo contra o sorriso debochado que já desman- chava. Golpeou o oponente, maior que ele, como se não tivesse nem precisasse de qualquer arma além do punho esquerdo. Bateu bem depressa, bem forte, para derrubá-lo antes que o homem mais alto conseguisse recuperar o equilíbrio ou revidar uma vez que fosse. As pessoas gritavam e guinchavam de medo. Aquelas que estavam próximas se amontoaram para sair do caminho. Outros três jovens urravam de eu- foria e gesticulavam, frenéticos. Então, de alguma forma, surgiu uma segunda briga entre dois desses três – provavelmente porque um deles esbarrou ou bateu no outro sem querer. 2