Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 6

sons da fala Havia confusão a bordo do ônibus Washington Boulevard. Rye esperava que, mais cedo ou mais tar- de, tivesse problemas em sua jornada. Adiou a viagem até que a solidão e a desesperança a fizeram partir. Acreditava que poderia haver um grupo de parentes vivos: um irmão e suas duas crianças, a 30 quilôme- tros dali, em Pasadena. Com sorte, seria uma viagem de um dia. A inesperada passagem do ônibus quando ela saiu de casa na Virginia Road pareceu um bocado de sorte. Até que a confusão começou. Dois homens jovens tiveram algum tipo de atrito ou, mais provavelmente, um mal-entendido. Ficaram no corredor, resmungando e gesticulando um com o ou- tro, cada um de braços abertos em seu lugar, enquan- to o ônibus sacudia pela via esburacada. O motorista parecia se esforçar para que perdessem o equilíbrio. Mesmo assim, seus gestos só se interrompiam pouco antes do contato: socos simulados e movimentos inti- midadores de mão como xingamentos perdidos. As pessoas observavam a dupla e depois se en- treolhavam soltando ruídos curtos, ansiosos. Duas crianças choramingaram. 1