Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 32

Uma fala fluente! Será que a mulher morreu por- que conseguia falar e ensinou suas crianças a fala- rem? Será que foi assassinada pela raiva inflamada de um marido ou pela inveja furiosa de um estranho? Ou será que aquelas crianças eram simplesmente imunes? Certamente tinham tido tempo de adoecer e cair no silêncio. O pensamento de Rye avançou. E se as crianças de três anos ou menos estivessem a salvo e fossem capazes de aprender línguas? E se tudo de que precisavam fossem professores? Profes- sores e protetores. Rye lançou um olhar para o assassino morto. En- vergonhada, achou que, fosse ele quem fosse, ela conseguia compreender algumas das paixões que de- viam tê-lo motivado. Raiva, frustração, desesperança, uma inveja insana… Quantos outros havia como ele, pessoas dispostas a destruir o que não podiam ter? Obsidian tinha sido o protetor, tinha escolhido aquele papel sabe-se lá por que motivo. Talvez ves- tir um uniforme obsoleto e patrulhar as ruas vazias era o que ele fazia para não colocar uma arma na boca. E, agora que havia algo que merecia proteção, ele estava morto. Ela fora uma professora. E fora boa nisso. Tam- bém tinha sido uma protetora, embora apenas para 27