Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 31

meçou a escorrer. Segurei a camiseta sobre o nariz e a boca. Não serviu de quase nada. As pessoas chegavam de carro, motocicleta, ôni- bus, a pé. Todos estavam mandando mensagens em seus celulares, espalhando ainda mais a notícia. Ha- via tempo que as pessoas que não faziam carreira no roubo de combustíveis conseguiam um trago grátis. Havia crianças por toda parte. Elas corriam para cima e para baixo, levando recados do pai e da mãe ou apenas interessadas em fazer parte da agitação. Provavelmente, nunca tinham visto pessoas capazes de chegar perto de um duto sem serem mortas. O hip-hop e o highlife berravam nos carros e suv s com sistemas de som dos mais potentes. O padrão das vi- brações era quase tão sufocante quanto os gases. Eu não tinha dúvidas de que os Zumbis sabiam o que estava acontecendo. Avistei meu marido. Ele estava se dirigindo à fon- te de combustível com um grande balde vermelho. Cinco homens começaram a discutir entre si. Dois deles começaram o empurra-empurra, quase caindo dentro da fonte. — Andrew! — gritei acima de todo aquele barulho. Ele se virou. Quando me viu, semicerrou os olhos. — Por favor! — continuei. — Eu... me desculpe. 26/29