Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 30
silenciosos, os Zumbis ficariam cientes no prazo de
uma hora e consertariam a coisa em mais uma hora.
Mas duas horas depois, aquele duto rompido conti-
nuava a espirrar combustível. Foi quando alguém
decidiu espalhar a notícia.
Eu não era boba. Os Zumbis não eram “zumbis”
coisa nenhuma. Eram criaturas pensantes. Bestas
espertas. Tinham método em sua loucura. E a maio-
ria deles não gostava dos seres humanos.
O caos foi iluminado pelos faróis dianteiros de vá-
rios carros e caminhões. Ali, o oleoduto se elevava
para se deslocar para o sul. Alguém se aproveitou
disso e removeu um segmento inteiro da tubulação.
Diesel combustível cor-de-rosa escorria das duas
pontas como em uma fonte gigantesca. As pessoas
se amontoavam sob o escoamento como elefantes
sedentos, enchendo galões, garrafas, tigelas, baldes.
Um homem inclusive usou um saco de lixo até o
combustível corroer o saco e espirrar pelo seu peito
e pelas suas pernas.
O derramamento formou uma grande poça rosa-
-escuro que rapidamente escorreu na direção da
escola primária, se acumulando no parquinho. Os
gases me atingiram antes mesmo de avistar a esco-
la. Meus olhos se encheram de água e meu nariz co-
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