Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 27
e meu irmão do meio a ir para o norte... quando havia
tantas possibilidades.
Ri e enxuguei uma lágrima, comecei a dedilhar
alguns acordes para servir de base à melodia. Daí,
engrenamos em algo tão intrincado, envolvente, en-
trelaçado... Chei! Eu me senti como se estivesse em
comunhão com Deus. Ah-ha, aquela máquina e eu.
Você nem pode nem imaginar.
— Eme!
Nossa música se desintegrou em um instante.
— Eme! — meu marido chamou outra vez.
Congelei, com os olhos fixos em Udide, que tam-
bém estava imóvel.
— Por favor — sussurrei para ela. — Não faça
mal a ele.
— Samuel me mandou uma mensagem — disse
meu marido, com os olhos ainda no celular, enquanto
caminhava na minha direção pelo mato alto. — Hou-
ve uma ruptura no oleoduto perto da escola! E ne-
nhum Zumbi maldito à vista ainda! Deixe esse violão
de lado, mulher! Vamos, e pegue… — Ele ergueu os
olhos. Um olhar apavorado se apossou de seu rosto.
Por um momento muito longo, pareceu que nós
estávamos todos congelados no tempo. Meu mari-
do em pé, bem onde acabava o mato alto. Udide
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