Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 26

minha Zumbi. Eu me perguntava qual nome Udide
dera para mim. Tinha certeza de que tinha me dado
algum nome, embora duvidasse que ela tivesse fa-
lado de mim para os outros. Não acho que teria per-
missão de continuar me visitando.
Udide estava me esperando ali, como se sentis-
se que eu viria naquela noite. Sorri, sentindo muito
afeto em meu coração. Sentei-me enquanto ela saía
do oleoduto e avançava na minha direção. Trazia
seu instrumento no alto da cabeça. Uma espécie de
estrela complexa feita de arame. Ao longo das sema-
nas, ela acrescentara mais linhas de arame, algumas
finas e outras grossas. Sempre me perguntava onde
ela colocava aquela coisa quando estava correndo
de um lado para o outro com os demais, porque o
instrumento era muito grande para ser escondido
em seu corpo.
Udide segurou-o diante dos próprios olhos. Com
uma perna dianteira, tocou uma melodia simples e
doce que quase me fez chorar de alegria. Aquilo evo-
cou imagens da minha mãe e do meu pai, quando eram
muito jovens e cheios de esperança, quando meus ir-
mãos e eu éramos novos demais para nos casarmos e
mudarmos para longe. Antes de os kill-and-go força-
rem meu irmão mais velho a ir para os Estados Unidos
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