Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 24

tos demais em proveito próprio. Que estavam se re- belando. Alguma coisa, com certeza, tinha mudado. — Quem sabe é só questão de tempo até que as malditas coisas nos matem — disse meu marido, com uma cerveja na mão, enquanto lia sobre o inci- dente no jornal. Considerei a possibilidade de nunca mais me aproximar da minha Zumbi. Os Zumbis estavam im- previsíveis e provavelmente descontrolados. Era meia-noite e lá estava eu de novo. Meu marido não punha sua mão pesada em mim há semanas. Acho que ele percebeu minha transfor- mação, eu tinha mudado. Agora ele me ouvia tocar mais vezes. Até dentro de casa. Pela manhã. Depois de cozinhar o jantar dele. No quarto, quando os ami- gos dele nos visitavam. E ele estava ouvindo músi- cas que eu sabia lhe darem uma sensação gloriosa. Como se cada acorde, cada som, fosse examinado por cientistas e escolhido a dedo para provocar o sentimento mais intenso de felicidade. Minha Zumbi resolveu meus problemas conju- gais. Ao menos, o pior deles. Meu marido não conse- 19/29