Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 21

tocar, ela virou os olhos para mim. Suspirei, dedi- lhei um lá menor e me recostei. — Minha vida é uma merda — eu disse. De repente, ela se ergueu sobre as oito pernas, com um zumbido fraco. Esticou-as e se endireitou até se erguer, uns 30 centímetros acima do normal. Da parte de baixo de seu corpo, no centro, algo es- branquiçado e metálico começou a descer. Respirei fundo, agarrando meu violão. Minha mente me disse para fugir. Fugir depressa. Eu ficara amiga daquela criatura artificial. Eu sabia disso. Ou achei que sa- bia. Mas o que eu realmente sabia sobre o porquê de ela fazer o que fazia? Ou por que ela veio até mim? A substância metálica desceu mais depressa, se acu- mulando na grama abaixo dela. Apertei os olhos. A coi- sa era um arame. Bem diante dos meus olhos, observei a Zumbi pegar o arame e fazer algo com cinco de suas pernas enquanto se sustentava sobre as outras três. As pernas se mexiam de um lado para o outro, trabalhan- do e tecendo o arame brilhante de um jeito e de outro. Elas se moviam rápido demais para que eu visse exata- mente o que estavam criando. O mato voava e o zum- bido fraco se tornava um pouco mais alto. Então, as pernas pararam. Por um instante, pude ouvir o som de grilos e sapos cantando, a brisa sopran- 16/29