Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 17
e os companheiros dele costumavam usar alguma
espécie de cortador a laser poderoso. Eles o rouba-
vam dos hospitais. Mas tinham de ser muito, muito
silenciosos, ao cortar o metal. Bastaria uma panca-
da, uma vibração, e os Zumbis viriam correndo em
um minuto. Muitos dos companheiros do meu mari-
do foram mortos por causa da batida da aliança de
casamento ou da ponta do cortador a laser no aço.
Dois anos atrás, um bando de garotos estava brin-
cando perto demais do oleoduto. Dois deles estavam
lutando e caíram sobre o duto. Os Zumbis chegaram
em segundos. Um garoto conseguiu fugir se arrastan-
do. Mas o outro foi agarrado pelo braço e arremes-
sado no meio dos arbustos. Ele quebrou o braço e as
duas pernas. Funcionários do governo disseram que
os Zumbis são programados para causar o menor mal
possível… mas eu não acreditei naquilo, na mentira.
Eles eram criaturas horríveis. Chegar perto de
um oleoduto era arriscar uma morte terrível. E as
malditas coisas ainda atravessavam nossos quintais.
Mas eu não me importava. Naqueles meses, meu
marido vivia me espancando. Eu não sabia por quê.
Ele não tinha perdido o emprego. Eu sabia que ele
saía com outras mulheres. Nós éramos pobres, mas
não estávamos passando fome. Talvez fosse porque
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