Projeto Cápsula Aranha, a artista | Nnedi Okorafor | Page 12

Mergulhei no espaço da minha música, tecendo-a
e depois flutuando em um glorioso pôr do sol que
iluminava o topo das palmeiras e...
Click!
Congelei. Minhas mãos ainda estavam nas cordas,
a vibração morrendo. Não ousei me mexer. Fiquei
de olhos fechados. A lateral do meu rosto pulsava.
Click! Dessa vez o ruído estava mais perto. Click!
Mais perto. Click! Mais perto.
Meu coração palpitava e senti náusea e medo.
Apesar de assumir o risco, eu sabia que esse não era o
modo como queria morrer. Quem gostaria de ser es-
quartejada, membro a membro, por Zumbis? Como
todo mundo da minha aldeia fazia diversas vezes por
dia, eu amaldiçoei, em silêncio, o governo nigeriano.
Tóim!
A vibração da corda do violão foi sufocada pelo
meu dedo médio que ainda a pressionava para bai-
xo. Minhas mãos começaram a tremer, mas mantive
os olhos fechados. Uma coisa qualquer, afiada e fria,
ergueu meu dedo. Quis gritar. A corda foi dedilhada
de novo.
Tum!
O som estava mais grave e alto, meu dedo já não
abafava a vibração. Muito lentamente, abri os olhos.
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