Projeto Cápsula Aqueles que Abandonam Omelas | Ursula K. Le Guin | Page 7
os braços ágeis e compridos sujos de lama, exerci-
tavam seus cavalos inquietos antes da corrida. Os
cavalos não usavam nenhum equipamento, exceto
um cabresto sem freio. As crinas estavam trançadas
com fitas prateadas, douradas e esverdeadas. Eles
alargavam suas narinas, empinavam-se e se exi-
biam uns para os outros; estavam imensamente agi-
tados, sendo os únicos animais que adotaram nossas
cerimônias como se fossem deles. Muito longe, ao
norte e ao oeste, as montanhas se erguiam em um
semicírculo limitando Omelas à sua baía. A atmosfe-
ra da manhã estava tão límpida que a coroa de neve
dos Eighteen Peaks ardia em fogo branco e dourado
através de quilômetros de ar ensolarado sob o céu
azul escuro. Havia vento na medida certa para fa-
zer as bandeiras que delimitavam a pista de corri-
da estalarem e esvoaçarem de vez em quando. No
silêncio dos amplos prados verdejantes, ouvia-se a
música serpenteando pelas ruas da cidade, mais lon-
ge, mais perto, e sempre se aproximando; de tempos
em tempos, vibrava uma alegre e leve doçura no ar,
que se concentrava e irrompia em uma grande e ale-
gre tilintar dos sinos.
Alegre! Como alguém pode falar sobre alegria?
Como descrever a população de Omelas?
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