Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 35
a primeira sonolência. Uma boa ideia, pensou ele,
dormir até a morte. Era como tomar uma anestesia.
Congelar não era tão ruim quanto as pessoas pensa-
vam. Havia muitas maneiras piores de morrer.
Ele imaginou os rapazes encontrando seu corpo
no dia seguinte. De repente, viu-se com eles, seguindo
pela trilha e procurando por ele mesmo. E, ainda com
eles, virou em uma curva e encontrou a si mesmo dei-
tado na neve. Ele já não se pertencia. Mesmo ali ele
estava fora de si mesmo, em pé com os rapazes e se
vendo na neve. Estava realmente frio, foi o que pen-
sou. Quando ele voltasse aos Estados Unidos, poderia
contar para as pessoas como era o frio de verdade.
Sua mente flutuou deste pensamento para o velho
do riacho Sulphur. Ele conseguia vê-lo com clareza:
quente e confortável, e fumando um cachimbo.
— Você estava certo, velho camarada. Estava certo
— murmurou para o velho do riacho Sulphur.
Então o homem caiu no que lhe parecia o sono
mais confortável e satisfatório que já tivera. O cão
sentou-se de frente para ele, esperando. O dia breve
terminou em um longo e lento crepúsculo. Não ha-
via sinais de fogueira a ser feita e na experiência do
cão, homens não ficavam assim na neve sem fazer
fogueira alguma. Conforme a tarde escurecia, seu de-
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