Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 25
chão, mas os recolhia aos punhados. Dessa maneira
ficou também com coisas indesejáveis, como ramos
podres e pedaços de musgo, mas era o melhor que po-
dia fazer. Trabalhou metodicamente, recolhendo até
uma braçada de galhos maiores para usar quando
o fogo ficasse mais forte. E durante todo esse interva-
lo, o cão o observava sentado, uma certa ansiedade
em seu olhar, pois o encarava como o provedor de
fogo, e o fogo demorava a chegar.
Quando tudo estava pronto, o homem buscou no
bolso pelo segundo pedaço de casca de árvore. Sabia
que estava lá, e, ainda que não conseguisse senti-lo
com as mãos, ouvia seu nítido ruído enquanto busca-
va por ele. Tentou de novo e de novo, mas não conse-
guia segurá-lo. E o tempo todo, em sua mente, estava
a consciência de que a cada instante seus pés conge-
lavam. Esse pensamento tendia a levá-lo a um estado
de pânico, mas lutou contra ele e manteve a calma.
Fechou as luvas com os dentes e começou a balan-
çar os braços energicamente, batendo as mãos contra
a lateral do próprio corpo com toda força. Movimen-
tou-se sentado e depois repetiu os movimentos em pé.
Tudo isso enquanto o cão, sentado na neve com sua
cauda peluda de lobo aquecendo as patas e as orelhas
pontudas inclinadas para a frente, olhava para o ho-
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