Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 22
Mas ele estava seguro. Os dedos dos pés, o na-
riz e o rosto seriam apenas tocados pelo gelo, pois
a fogueira já começava a queimar com intensidade.
Ele a alimentava com gravetos do tamanho de seus
dedos. Em mais um minuto ele poderia alimentá-
-la com galhos ainda maiores. Então poderia tirar
o mocassim e as meias, e enquanto secassem, pode-
ria manter os pés expostos aquecidos na fogueira, os
esfregando primeiro, é claro, com neve. A fogueira
fora bem-sucedida. Ele estava seguro.
Lembrou-se do conselho do velho do riacho Sulphur
e sorriu. O homem havia sido muito sério ao ressaltar
que nenhum homem deveria viajar sozinho por aque-
la região abaixo dos 45 graus negativos. Bem, cá estava
ele: havia sofrido o acidente, estava sozinho e havia
se salvado. Aqueles velhos eram bem mulherzinhas,
pensou. Um homem só precisava manter a cabeça no
lugar e ficaria bem. Qualquer homem de verdade po-
deria viajar sozinho.
Mas era surpreendente a rapidez com a qual seu
rosto e nariz congelavam. E ele não havia pensado
que os dedos perderiam a sensibilidade em tão pou-
co tempo. E realmente estavam sem sensibilidade,
pois mal conseguia juntá-los para pegar um graveto,
e pareciam distantes de seu corpo e dele. Quando
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