Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 18

O cão encontrou conforto na fogueira, estenden- do-se perto o bastante para sentir o calor e longe o bastante para evitar queimaduras. Quando o ho- mem terminou de comer, encheu seu cachimbo com tabaco e confortou-se com a fumaça. Então recolo- cou as luvas, ajustou o gorro firmemente sobre as orelhas e seguiu para a esquerda na trilha do riacho. O cão lamentava a partida e ansiava para que voltassem para perto da fogueira. Esse homem não conhecia o frio. Possivelmente nenhum dos ances- trais dele conhecera o frio, o frio de verdade, o frio de sessenta graus abaixo do ponto de congelamen- to. Mas o cão conhecia, toda sua família conhecia, e havia herdado o conhecimento. E sabia que não era bom estar ao ar livre num frio tão assustador. Era hora de se esconder em um buraco na neve e espe- rar que uma cortina de nuvens se desenhasse atra- vés do espaço sideral de onde este frio intenso viera. Por outro lado, não havia vínculo real entre o cão e o homem. O primeiro era escravo do segundo e as únicas carícias que havia recebido eram aquelas do chicote e de guturais e ameaçadores sons que pre- cediam o chicote. Assim, o cão não fez qualquer es- forço para expressar sua apreensão ao homem. Não estava preocupado com o bem-estar dele, era pelo 13