Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 13

pensar, trocando de mão frequentemente. Mas in- dependentemente do quanto esfregasse, no instante em que parava o rosto ficava dormente e no instan- te seguinte o mesmo ocorria com a ponta de seu na- riz. Sabia que iria congelar as bochechas, tinha cer- teza disso, e sentiu uma pontada de arrependimento por não ter trazido um protetor de nariz como o que o Bud usava na temporada fria. O protetor passava pelo resto do rosto e o protegia também. Mas isso não importava muito, afinal. O que eram umas bo- chechas congeladas? Um pouco de dor, só isso, nunca era nada sério. Por mais vazia de pensamentos que fosse sua men- te, ele observava tudo com atenção, notando as mu- danças no riacho, nas curvas e nos desvios, sempre consciente de onde colocava o pé. Em dado momento, no início de uma curva, recuou abruptamente, como um cavalo assustado, desviou da rota que seguia e recuou vários passos na trilha. Sabia que o riacho es- tava completamente congelado até o fundo, nenhum riacho poderia ter água naquele inverno glacial, mas também sabia que havia correntes de água que vi- nham das encostas e corriam sob a neve e sobre o gelo do riacho. Sabia que mesmo no tempo mais frio essas correntes não congelavam, e, portanto conhe- 8