Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 10
não protegiam as bochechas e o nariz que se lançava
avidamente contra o vento gelado.
Nos calcanhares do homem seguia um cão, um
grande husky, o verdadeiro cão-lobo, de pelo cinza
e sem diferenças perceptíveis de físico ou tempera-
mento para o seu irmão, o lobo selvagem. O animal
estava deprimido com o intenso frio. Sabia que não
era um bom momento para viajar. Seu instinto pro-
jetava uma história mais verdadeira do que a do jul-
gamento do homem. Na verdade, não estava apenas
mais frio que 45 graus abaixo de zero; estava mais
frio que 50 negativos, que 55 negativos. Eram 60
graus negativos.
O cão nada sabia sobre termômetros e temperatu-
ras. Possivelmente, no cérebro dele não havia cons-
ciência precisa do frio, como havia no cérebro do
homem. Mas o bruto tinha instinto. Experimentava
um vago mas apreensivo temor que o levava a se-
guir, ávido, nos calcanhares do homem, questionan-
do com avidez cada movimento inesperado, como se
esperasse que ele voltasse para o acampamento ou
buscasse abrigo e fizesse uma fogueira em algum lu-
gar. O cão conhecia o fogo, ansiava por ele. Era isso
ou cavar para baixo da neve, aninhando-se no bura-
co para proteger o que restasse de calor do ar frio.
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