Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 31
corpo dele com os braços. Sentou-se na neve e dessa
maneira segurou o cão, que ladrava, latia e lutava.
Mas era tudo que conseguia: envolver o corpo do
cão com os braços e ficar sentado. Percebeu que não
poderia matar o cão. Não havia como fazê-lo. Com as
mãos inutilizadas, não conseguiria nem pegar nem
segurar a faca, muito menos apunhalar o animal. Ele
o libertou e o cão correu selvagemente para longe, a
cauda entre as patas, ainda rosnando. Parou a quin-
ze metros do homem e o observou com curiosidade,
suas orelhas incisivamente apontadas para frente.
O homem olhou para as próprias mãos para loca-
lizá-las e as encontrou pendendo no final dos braços.
Achou curioso que fosse necessário usar os olhos
para descobrir onde elas estavam. Começou a balan-
çar os braços, batendo as mãos enluvadas contra as
laterais do corpo. Ele se manteve assim por cinco mi-
nutos. Seu coração distribuiu sangue suficiente para
que parasse de tremer. Mas não havia nenhuma sen-
sação nas mãos. Tinha a impressão de que pendiam
como pesos no fim de seus braços, mas quando ten-
tava verificar essa hipótese, não sentia nada.
Um certo medo da morte, monótono e opressivo,
começou a se apossar dele. Medo que logo se tornou
pungente quando ele percebeu não ser mais uma
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