Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 21

O homem sabia de tudo isso. O velho do riacho Sulphur havia lhe contado no outono anterior, e ago- ra ele estava grato pelos conselhos. Toda sensibilida- de de seus pés já havia sumido. Para fazer a fogueira ele fora obrigado a tirar as luvas e os dedos rapida- mente adormeceram. O ritmo de seis quilômetros por hora havia mantido seu coração bombeando sangue para o corpo e todas suas extremidades. Mas, no instante em que parou, seus batimentos cardíacos diminuíram. O frio extremo do ar tomou conta do lu- gar desprotegido onde ele se encontrava, golpeando- -o com toda a força, fazendo seu sangue se encolher de medo. O sangue estava vivo, como o cão. E, como o cão, queria se esconder e buscar abrigo, longe do frio tenebroso. Enquanto andasse a seis quilômetros por hora, conseguia bombear o sangue à superfície sem maiores esforços, mas agora afundava nos recantos mais profundos de seu corpo. As extremidades foram as primeiras a sentirem falta dele. Os pés molhados congelavam mais rápido, e seus dedos expostos ador- meciam mais rápido, mesmo que ainda não tivessem começado a congelar. Nariz e bochechas já estavam congelando, enquanto sentia toda a sua pele esfriar à medida que o sangue parava de circular. 16