Projeto Cápsula Acender uma Fogueira | Jack London | Page 16
em sua jornada invernal para o sul, para realmente
clarear o horizonte. A curvatura da terra impunha
uma barreira entre ele e o riacho Henderson, fazen-
do-o andar em meio ao céu limpo do meio-dia e não
projetar sua própria sombra.
Ao meio-dia e meia, pontualmente, ele chegou à
bifurcação do riacho. Estava contente com sua velo-
cidade. Se continuasse assim, certamente já estaria
com os rapazes às seis.
Ele desabotoou o casaco e a camisa para pegar
o almoço. A ação não durou mais que um quar-
to de minuto e ainda assim a dormência tomou os
dedos expostos. Não vestiu a luva novamente, em
vez disso bateu os dedos várias vezes contra a pró-
pria perna. Então, sentou-se para comer em um
tronco coberto de neve. As pontadas de dor que
sentira ao bater as mãos nas pernas cessaram tão
rapidamente que ele ficou assustado. Sequer tive-
ra tempo de dar uma mordida no almoço. Bateu os
dedos repetidamente e os cobriu novamente com a
luva, expondo a outra mão para poder comer. Ten-
tou dar uma mordida, mas a focinheira de gelo em
volta da boca o impediu. Havia se esquecido de fa-
zer uma fogueira para que ela se desfizesse. Riu da
própria tolice e, enquanto ria, notou a dormência
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