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24 CONVERSA COM O JUDICIÁRIO Abril 2020 | Justiça & Cidadania n o 236 reservar ao juiz tempo para que ele possa se dedicar às questões que realmente requerem a atenção do Estado”. “Queremos assumir essa responsabili- dade. Já demonstramos que somos capa- zes quando assumimos os inventários e o reconhecimento do usucapião extrajudicial. Homenagem ao “pai” do Tribunal da Cidadania Em sua saudação inicial aos participan- tes do evento, o Ministro Luis Felipe Salomão aproveitou a oportunidade para homenagear o Senador Bernardo Cabral por ter idealizado e concretizado o Superior Tribunal de Justiça no texto constitucional de 1988. “O Tribunal foi criado pelo seu trabalho, senador, à frente da Assembleia Nacional Constituinte, dentre as várias soluções pensadas para resolver a crise do Supremo Tribunal Federal. Na época foram aventadas a ampliação do número de minis- tros e a criação de filtros mais eficazes para o Supremo, mas a solução que vingou foi a sua, a criação daquele que se denominou Tribunal da Cidadania. O STJ foi criado pelas suas mãos, a certidão de nascimento está na Constituição”. Temos conhecimento, agilidade e eficiência. As pessoas têm uma ideia equivocada, que está mudando, de que o cartório representa a burocracia. O cartório é a antí- tese da burocracia, pode ajudar todos a resolver seus problemas de forma muito mais econômica e rápida”, comentou a Tabeliã Fernanda Leitão, Vice-Presidente do Colégio Notarial do Brasil. Ministro Luis Felipe Salomão Salomão Bernardo Cabral vos, resolutivos e estimular acima de tudo o diálogo. Temos que ter uma atuação pedagógica e, com isso, transmitir segurança jurídica e estimular o ambiente de negócios”, comentou o Procurador-Geral de Justiça do Rio de Janeiro Eduardo Gussem. O Presidente da OAB-RJ, Luciano Bandeira, res- saltou a importância desse tipo de Conversa: “É fun- damental ter essas discussões envolvendo todos os agentes que participam da entrega da jurisdição à sociedade. A advocacia é um elemento importantís- simo e necessário nessa discussão, porque são os advo- gados e as advogadas o elo entre o Poder Judiciário, o Ministério Público, os ofícios de notas e todas as solu- ções existentes para os conflitos sociais”. Prestígio ao Judiciário – Coube ao Ministro João Otávio de Noronha a palestra final, na qual, lembrando ter estimulado a mediação e a conciliação em cartórios extrajudiciais nos tempos em que foi Corregedor Nacio- nal, ressaltou que “o Estado tem o monopólio da jurisdição, mas não o da Justiça”. Noronha falou ainda sobre os avanços da desjudicializa- ção com o novo CPC, que teria passado a per- mitir, por exemplo, a formalização do divórcio por meio de escritura pública. O Presidente do STJ lembrou ainda de vários provimentos do CNJ que, ao longo dos anos, têm possibilitado a ampliação dos serviços prestados pelos car- tórios como, por exemplo, o Provimento 66, que indica a criação de convênios entre autar- quias públicas e cartórios para facilitar proce- dimentos de identificação civil dos cidadãos.      “Precisamos desjudicializar e para isso contamos com os cartórios”, disse Noronha, que acrescentou ao fim: “Desjudicializar não é tirar prestígio do Judiciário, não é tornar o juiz menos importante. Pelo contrário, é Desembargador Cláudio de Mello Tavares Ministro João Otávio de Noronha Ministro Luiz Fux Desembargador Alexandre Câmara 25