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22 CONVERSA COM O JUDICIÁRIO Abril 2020 | Justiça & Cidadania n o 236 Na abertura do evento, a partir da esquerda, o Vice-Presidente do STF, Ministro Luiz Fux, o Presidente do TJRJ, Desembargador Cláudio de Mello Tavares, o ex-Senador Bernardo Cabral e o Ministro do STJ Luis Felipe Salomão Fortalecer os cartórios para desafogar a Justiça Conversa com o Judiciário sobre a ampliação dos serviços notariais sob a ótica da Análise Econômica do Direito Da Redação A Revista Justiça & Cidadania rea- lizou no início de março, antes da quarentena do covid-19, nova edi- ção do projeto Conversa com o Judiciário, desta vez com o tema “Análise Econômica do Direito e os Serviços Extrajudiciais”. Foi o pontapé inicial da série de even- tos, realizados com o apoio do 15o Ofício de Notas do Rio de Janeiro, para discutir como aumentar a eficiência dos cartórios de notas e, simultaneamente, ampliar sua gama de serviços como parte da estratégia para reduzir a judicialização excessiva. A Conversa contou com palestras do Vice-Presi- dente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Luiz Fux, e do Presidente do Superior Tribunal de Jus- tiça (STJ), Ministro João Otávio de Noronha. Também participaram o Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), Cláudio de Mello Tavares, o Pro- curador-Geral de Justiça do Estado, Eduardo Gussem, e o presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Luciano Bandeira.  O evento reuniu também autoridades e persona- lidades do mundo jurídico, como a presidente do Tri- bunal de Contas fluminense, Marianna Montebello, e o ex-Senador e ex-Presidente da OAB Bernardo Cabral, Relator-Geral da Constituição de 1988 e Pre- sidente do conselho editorial da Revista Jus- tiça & Cidadania. A coordenação científica ficou sob a responsabilidade do Ministro do STJ Luis Felipe Salomão e do Desembargador do TJRJ Alexandre Câmara. Braço do Judiciário no dia a dia das empresas e cidadãos, os cartórios gozam de alta credibilidade junto à população, capila- ridade territorial superior às comarcas judi- ciais e natural capacidade de mediação. Por isso, a delegação de atribuições atualmente exclusivas dos juízes aos tabeliães foi apon- tada pelos participantes da Conversa como uma estratégia acertada para desafogar de processos o Poder Judiciário. “A cada nova resolução, o Conselho Nacio- nal de Justiça (CNJ) amplia o papel dos car- tórios. Recentemente, com a entrada em vigor do Provimento 88, eles ganharam des- taque no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro”, exemplificou na abertura do evento o presidente do Instituto Justiça & Cidadania, Tiago Salles.  Extrajudicialização – “O auditório lotado é sintomático do acerto do debate sobre a Análise Econômica do Direito e os Serviços Extrajudiciais. (...) Exemplo de cumprimento do papel extrajudicial em relação à Economia e ao Direito é a formalização das uniões está- veis hoje feita pelos cartórios, o que confere segurança jurídica às relações – inclusive as homoafetivas – algo vital para o desenvolvi- mento da sociedade. Outro exemplo recente, a partir de precedente do STJ, é a permissão para que os inventários sejam feitos em car- tórios mesmo quando há testamento, porta que abrimos com base na interpretação do Código de Processo Civil (CPC)”, acrescentou o Ministro Luis Felipe Salomão.  “Tudo aquilo que pudermos atribuir aos serviços extrajudiciais – e os ofícios de notas são um belo exemplo disso – desde que não comprometa a garantias das pessoas, nós devemos atribuir. Assim como sou entu- siasta do divórcio, do inventário e do usuca- pião extrajudiciais, defendo também a extra- judicialização de várias outras atividades. Temos que pensar o Direito como um mecanismo para resolver problemas e podemos resolver muitos deles, de modo muito eficiente, quando vamos em busca dos serviços extrajudiciais”, complementou o Desembargador Ale- xandre Câmara. Solução de conflitos – “Com essa visão moderna que o 15 o Ofício implementa, por exemplo – que fala em blockchain e em inteligência artificial – começamos a trazer modernidade para o sistema de Justiça. Há uma frase que não canso de repetir: o que nos trouxe até aqui não nos levará adiante. É exatamente isso que nós, do sistema de controle, estamos procurando fazer. Não há mais espaço para que as nossas instituições atuem apenas na repressão. Temos que ser preventi- Esta foi a 74ª edição do Projeto Conversa com o Judiciário, criado em 2012 pelo Insti- tuto Justiça & Cidadania para ajudar a deso- bstruir os canais de diálogo sobre temas muitas vezes controversos, sempre reunindo magistrados, juristas e jurisdicionados, den- tre os quais alguns dos maiores litigantes do País. Ganham os juízes, que com mais conhecimento podem julgar melhor casos que envolvem questões complexas e especí- ficas. Ganham as empresas, com a chance de se ajustar às decisões mais recentes dos tribu- nais. Ganha toda a sociedade, com um Judici- ário mais produtivo e empresas melhor adap- tadas à jurisprudência.  23