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Se é verdade que a Autora volta sempre, e até o fim da
vida, ao momento fundamental, isso não significa que seu
pensamento não tenha tido um desenvolvimento, inclusive no modo de apresentá-lo e nos destinatários a quem o
propõe. Teve-o particularmente no próprio modo de expressar e explicar a espiritualidade que Deus lhe deu. De
fato, por volta dos anos 1990, Chiara Lubich, rica de quase
cinquenta anos de experiência, sente-se induzida a precisar
a peculiaridade da espiritualidade que Deus lhe dera, e o
faz confrontando-a com os caminhos tradicionais de santidade surgidos na Igreja durante os séculos. O caminho que,
desde o início, chamara de “caminho do irmão” (cf. Lubich
2013, p. 84-87) chama-o agora também de “coletivo” ou
“comunitário” justamente porque originado do amor
mútuo capaz de dar a vida (cf. Idem, 2004, p. 21). A vida
comunitária, a dimensão eclesial, é uma característica de
todas as espiritualidades cristãs, mas aqui, caminhar juntos
rumo a Deus é estilo de vida, é “uma diretriz fundamental
de toda a existência”4 . Escancara-se assim um horizonte
muito rico na história da espiritualidade, que abre, a
pessoas de todas as culturas e estados de vida, a possibilidade de viver os relacionamentos à luz do Mandamento
Novo do amor mútuo. Padre Jesús Castellano, carmelita,
pesquisador apaixonado da espiritualidade ocidental e
da oriental, aberto às novidades do Espírito Santo e pessoalmente nutrido pela espiritualidade de Chiara Lubich,
com quem tinha um relacionamento profundo e constante
(cf. Ciardi, 2011, p. 19), assim exprime essa novidade:
“Podemos entender também na esfera teológica em que
4 Vide adiante, p.67.
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