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Esse mandamento singular será, então, sustentável? E a medida sem medida, que dispõe que nos amemos “como” Ele nos amou, será realizável? Se Chiara Lubich ilustra com insistência as exigências extremas, é porque sabe, por experiência, que acolher e viver uma Palavra de Jesus é acolher e viver o próprio Jesus, é “comunhão” com Cristo-Palavra. Aderindo a Ele, Ele mesmo, para podermos vivê-la, comunica-nos o seu mesmo amor, amor gratuito, dom de si que culmina na cruz e na dádiva da Eucaristia, um amor “até o fim” (cf. Jo 13,1). Como Bento xvi bem expressa na encíclica Deus charitas est: “o ‘mandamento’ do amor só se torna possível porque não é mera exigência: o amor pode ser ‘mandado’, porque antes nos é dado” (nº 14). A exegese que Chiara Lubich faz de Jo 13,34 é muito simples e acessível a todos: salienta que Jesus o guardou “no coração a vida inteira, para revelá-lo antes de morrer”1. Ressalta a circunstância em que o Mandamento Novo foi “instituído” – a última ceia, antes de dar livremente a sua vida por nós– e o fato de Jesus chamá-lo de “seu” e “novo”, conferindo solenidade especial a essa Palavra. Fazendo assim, a Autora distingue claramente Jo 13,34 do mandamento do amor ao próximo, semelhante ao do amor a Deus (cf. Mt 22,37-39). Trata-se de um mandamento dirigido a uma pluralidade de pessoas juntas e que implica a reciprocidade. Porque é possível amar os irmãos sem que haja reciprocidade. Mas aqui não se redescobre apenas um versículo do Evangelho. Nesse versículo está toda a vida de Deus. Chiara mesma o afirma de modo simples, mas profundo. 1 Vide adiante, p. 33. O amor mútuo Miolo mutuo.indd 11 11 10/22/13 2:30 PM