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VIVER DE CARA LIMPA
Quando conheci Ricardo Ribeirinha, ele acabara de completar vinte e sete anos. Ele estava chegando de São Paulo; tinha
viajado pelo mundo. E escolhera respirar novos ares. Deixara a
capital paulista para viver no interior do Brasil – Palmas, Tocantins. Na nova cidade, um convite o seduziu. Trabalhar como
pauteiro1 numa emissora de televisão. Apesar de ser um sonho
antigo, o jornalismo era um caminho completamente novo para
Ricardo. Mas ele não rejeitava desafios. E encarou mais um.
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V
1 Pauteiro é o profissional que, numa empresa jornalística, levanta assuntos, temas ou
propostas que poderão se transformar em reportagens. Em muitas emissoras e redações, a figura
já foi praticamente extinta.
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Em 15 de julho de 1975, em Taubaté, no Vale do Paraíba,
interior de São Paulo, nascia um menino de olhos azuis, branquinho, cara de bebê de capa de revista. Apesar da beleza
irradiante e do rosto de anjo, que despertavam o instinto de
proteção em quem o visse embrulhado no berçário, ele foi
deixado na maternidade pela mãe biológica, que nunca chegou
a conhecer.
Dias mais tarde, na capital daquele Estado, o menino ganhou nome e sobrenome: Ricardo Corrêa Ribeirinha. Cresceu
na vizinhança da Zona Leste da cidade. Depois, por causa de
vários prejuízos financeiros, a família que o tinha adotado,
mudou-se para um bairro da periferia, na Zona Sul: Jardim
Ângela.
Naquela idade, por volta dos nove anos, brincar de pipa,
trocar figurinhas e assistir a desenhos animados com super-heróis eram pura diversão. Mas aventura mesmo era descobrir
coisas novas, fazer amigos, andar de bicicleta na maior velocidade, pelas ruas estreitas do bairro.
Garoto inquieto, de sorriso fácil e conversa boa, conquistava simpatia em todo lugar. Mas um tempo cinzento começou a