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PORQUEEU?
O uso de drogas já foi associado à transgressão, à arte, à
ousadia. Nos anos de 1960, o consumo de alucinógenos era parte do contexto da revolução sexual e do grito social de vários
países do mundo, inclusive na América Latina. Mas ainda pareciam poucos e diferentes aqueles que se aventuravam por essa
viagem, sempre envolta numa aura obscura, exótica, “artística”
e atraente.
No entanto, muitos entraram na corrida desenfreada das
drogas. E tantos morreram no percurso.
Trinta anos depois, a diversidade e a disponibilidade das
drogas só aumentaram. Se antes o alvo do tráfico eram artistas,
intelectuais, roqueiros, agora ele alicia consumidores cada vez
mais jovens, de todas as origens sociais. E o faz na porta das escolas, nos jardins de infância, na praça dos bairros da periferia,
nos salões de festa, nos points da alta sociedade.
Usar droga é promessa de achar uma saída para qualquer
situação, diz a propaganda enganosa, convencendo até os que
se acham melhor preparados para a vida. É ter poder para se
transformar no super-homem, resolver tudo o que está pendente, salvar a humanidade, ainda que só por um instante, ou enquanto durar o efeito da “viagem”. Também é válvula de escape
para fugir das dívidas, dos problemas familiares, das ausências
ou da invisibilidade.