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POR QUE EU? ] se firmar no céu da vida de Ricardo. Brigas em casa, rebeldia, notas baixas na escola, desinteresse. Ricardo, até os nove anos, tinha sido um menino “normal”. Apesar de nunca ter conhecido a mãe biológica, sempre recebera tudo de que precisava da mãe do coração, dona Arady, e do pai, Ângelo. Até que, por conta de uma enchente que destruiu sua casa, a avó materna foi morar com a família. Ela não aceitava o jeito daquele menino travesso e, às vezes, desobediente e respondão. Por isso, brigava com ele, chamava sua atenção. Ricardo não gostava. E continuava retrucando quando a avó o repreen­dia. Numa tarde, não teve jeito. Cansada de ter sempre a autoridade questionada, ela jogou na cara dele a sua condição de adotado. Até então, Ricardo não sabia que tinha sido abandonado quando bebê. Começava, assim, um período de revolta com a vida, com a família que o adotara e com a escola, que durou mais de cinco anos. A mesma revolta o levou para a rua e facilitou seu encontro com as drogas. Na rua, Ricardo encontrou novas companhias. Uma delas, o primeiro cigarro de maconha. Tempo de descobertas…! V ] É uma regressão dura de fazer. Lembrar como foi o meu primeiro contato com a droga, a estreia de uma viagem cheia de promessas, mas que redundou em muitas tristezas, me angustia. É como se fosse hoje, apesar de já estar perto de completar duas décadas. Eu e outro garoto nos escondemos em cima de uma laje numa casa da periferia da Zona Leste paulistana, que só a gente tinha mesmo o hábito de frequentar. E ali, o mais escondidopossível,meucompanheirodeaventuraacendeu ocigarrodemaconha,enroladonumpedaçosujodepapel. Naquele dia, curioso ao extremo, dei a primeira tragada. 13