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FATOS QUE AINDA NÃO CONTEI
Minha mãe, sabendo muito bem do que eu era capaz,
usou a astúcia, fechando a janela do quarto enquanto eu dormia. Mas conseguiu fazer isso só uma vez, porque eu, percebendo a “manobra”, aprendi a resistir ao sono; fingia estar
dormindo enquanto ela entrava, na ponta dos pés, e depois
me levantava e abria novamente a janela sem problemas.
Na prática, a autoridade não conseguia dobrar minha
personalidade, principalmente quando eu não estava convencida daquilo que me pediam, razão pela qual minha
avó, dirigindo-se à minha mãe, sentenciou um dia: “Essa
filha vai ser a sua ruína!”
Tenho de confessar que resisti a obedecer até mesmo ao
meu pai, certa vez em que ele me pediu que o ajudasse a
limpar uma tina que precisava ser preparada para esmagar
uva. Como eu era pequena, teria entrado nela facilmente
para limpá-la melhor por dentro, mas não me parecia um
trabalho adequado para mim. Na verdade, temia ficar sufocada lá dentro; então, escapei, e meu pai teve de correr atrás
de mim, tentando me alcançar inutilmente. Com remorso,
vi minha irmã menor entrar na tina e, ao contrário de mim,
realizar aquela tarefa docilmente e sem criar confusão.
Eu era afoita. Aprendi a brincar no balanço tão bem
que, com o impulso, alcançava uma posição perfeitamente
paralela em relação ao chão. Um dia em que me aventurava nessa façanha ajudada por um amiguinho, justamente
enquanto eu estava na horizontal e exclamava: “Que maravilha, parece que estou voando!”, a corda se rompeu e me
precipitei no chão, desastradamente. Teria pago qualquer
coisa para estar sozinha naquele momento, de tanta vergonha que senti pelo papelão diante do meu amiguinho!
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