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RECORDAÇÕES DE MINHA PRIMEIRA INFÂNCIA
a
lia, com muito interesse, a Filoteia pelos mortos6, um livro
bem grosso.
Portanto, logo cedo me acostumei a ter um relacionamento direto com Jesus, Maria e as almas do purgatório,
que eu sentia o dever de ajudar a fim de que alcançassem
logo o Paraíso.
Lembro-me de que, para ir à escola, com minhas irmãs
e outras crianças do quarteirão, passávamos diante de uma
edícula na qual havia um quadro de Nossa Senhora; depois
seguíamos rente ao muro do cemitério e, por fim, encontrávamos um grande crucifixo fincado na beira de uma estrada. Minha irmã menor e eu – que, pela vivacidade, sempre
dominávamos os outros – guiávamos o grupo. Assim, todos rezavam conosco a ave-maria, muitos réquiens7 – tantos
quantos fossem necessários para contornar o muro do cemitério – e, por fim, um ato de contrição. A última parada, a do
crucifixo, exercia um grande fascínio em mim.
Eu tinha ouvido falar que um menino, na tentativa de
tirar um dos espinhos da cabeça de Jesus em um crucifixo,
tinha visto sair dela gotas de sangue. Eu também queria
fazer o mesmo, certamente impulsionada pelo amor que
sentia por Ele, mas tamb