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A visão do homem em Chiara Lubich
Também o olhar de Chiara penetra naquelas fontes e capta sua
inesgotável riqueza, a perene contemporaneidade.
Detenhamo-nos, então, a considerar, em seus aspectos mais
evidentes, a visão do homem que delas promana e que Chiara
interpreta sob o impulso de um dom particular de luz.
O homem, imagem de Deus
Os primeiros capítulos do Livro do Gênesis constituem, a respeito de nosso tema, um ponto de referência obrigatório, a partir
das breves e intensas palavras que precedem o surgimento do homem no cenário admirável da Criação: “E Deus disse: ‘Façamos o
homem à nossa imagem, como nossa semelhança’” (Gn 1,26).
Era, portanto, intenção de Deus fazer do homem a imagem
de si, ou seja, chamar à existência um ser, único dentre todas as
criaturas, capaz de estar diante Dele como seu “tu”, de colocar-se
livremente em relação direta e pessoal com Ele, até estabelecer
com Ele um laço de amizade, entabular um diálogo de amor, ser,
por fim, resposta viva à sua palavra originária5.
O que constitui o homem no seu ser profundo é essa relação
com Deus especial, relação que o define no seu valor de pessoa dinamicamente orientada ao próprio Criador, acendendo nele, embora tenha sido moldado com os elementos da terra, a centelha
do divino, tornando-o capaz de transcender sua dimensão finita
e temporal, para atingir o Infinito e o Eterno.
5 Como afirma o teólogo C. Westermann: “A propriedade, característica essencial do homem,
é vista no estar diante de Deus. A relação com Deus não é algo que se acrescenta ao ser-homem;
o homem é criado de modo que o seu ser-homem é entendido no relacionamento com Deus”
(Westermann, s.d., p. 217-218). Chiara repropõe essa doutrina num estudo com o título “O sim
do homem a Deus” publicado em Lubich, 1983, p.203-206.
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