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A visão do homem em Chiara Lubich
A pergunta sobre o homem: uma situação histórica
Quem é, portanto, o homem?
É a pergunta que perpassa o sentimento da humanidade de
todas as épocas e de todas as culturas, por vezes ficando velada e
oculta para depois aflorar mais aguda e urgente: Qual é a verdade
do seu ser? Qual é o significado de sua história e o sentido último
de seu destino?
É a pergunta que perpassa também a nossa época, talvez mais
inquietante do que nunca.
A situação em que o homem de hoje procura uma compreensão
de si e do próprio destino ainda é marcada pelas feridas provocadas
pelas crises e pelos conflitos que tragicamente atravessaram o século que apenas terminou, bem como pela queda das ideologias em
que o passado tinha interpretado e projetado o sentido da existência
humana, fazendo com que se temesse, de maneira fundamentada, o
fim não só da civilização ocidental, como do próprio homem.
Da parte da ciência e da técnica, elas ampliaram enormemente
os poderes do homem, exaltando suas crescentes possibilidades
de domínio, as quais, porém, paradoxalmente, tornam sempre
mais problemático o exercício de escolhas livres e positivamente
orientáveis. Dessa maneira, agudiza-se a pergunta sobre o sentido da vida e a própria identidade do homem, como Martin Heidegger já denunciara lucidamente:
Nenhuma época soube conquistar tantos e tão variados
conhecimentos sobre o homem como a nossa […]. Mesmo assim, nenhuma época conheceu tão pouco o homem
como a nossa. Em nenhuma época o homem tornou-se
tão problemático como a nossa. (Heidegger, 1962, p. 275)
Todavia é desse contexto histórico e cultural que se levantam
vozes abertas à esperança, vozes que – diríamos com palavras de
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