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Costumo dizer aos meus alunos, independente da classe social, que todos eles possuem
“A não ser que queiramos trabalhar com essências puras, o que não é muito adequado aos
um instrumento muito caro e muito raro. Este instrumento não pode ser comprado, ele é um
casos do homem, da sociedade e da cultura, poderemos concluir que todas as relações
presente que deve ser preservado, pois é único, é a “marca” de cada um, que é a sua própria voz.
são possíveis e estão sempre articulando-se: a cultura erudita produz artes que se tornam
Nestes oito anos regendo o Coral infantil Cognis percebi o quanto a prática do canto coral
pode ser importante para elevação da auto-estima, da confiança e ao mesmo tempo, da
vivência em grupo.
Quando vejo crianças que andam cerca de 4 km a pé, em estrada de terra, para participar de
um ensaio, em período contrário ao de aula, percebo o tamanho da minha responsabilidade.
populares, que se folclorizam”.
Acredito neste projeto de Canto Coral pois é participativo (a ficha técnica e de agradecimentos
não me deixam mentir) foi feito com diversas mãos e diversas vozes. Todos tiveram sua parcela
de contribuição pessoal para um projeto coletivo, social.
Viva todos os brincantes do Brasil!
Costumo dizer que já tive diversos corais em um só, pois as crianças crescem, se desenvolvem,
assumem outros papéis sociais; a vida vai seguindo seu curso...
Celso Pan
Alguns adolescentes que passaram pelo Coral Cognis, hoje são trabalhadores, outros já
estão casados, outros estão fazendo faculdade, porém quando nos encontramos, lembramos
dos bons tempos.
A formação ética sempre esteve presente nos ensaios do coral. Enquanto aprendemos a
cantar, aprendemos também a exercer nossa cidadania e isso me dá muito orgulho.
Histórias continuam a se acumular, histórias que emocionam, que fazem rir, mas o mais
importante é que estamos construindo juntos, somos autores de nossa própria história,
transformando a realidade atual em algo mais bonito de ser vivido.
O repertório deste CD foi decidido coletivamente, é fruto de pesquisa, mas também de um
aprendizado adquirido em inúmeras oficinas e cursos de aperfeiçoamento.
É inevitável ouvir neste CD um “sotaque sudestino”, pois somos do Vale do Paraíba, interior
do estado de São Paulo, onde a tradição regional e a diversidade cultural do país é tão
representativa.
O convívio com estas duas realidades: local e global, faz com que as crianças desta região
transitem pelo universo musical infantil de forma divertida, sem nenhum problema quanto
ao local de origem das músicas. Elas querem é a liberdade de poderem cantar aquilo que as
agradam e pronto.
Por este motivo não optamos fazer deste CD um trabalho etnomusical e sim um trabalho
que reunisse músicas da própria autoria e de diferentes regiões do Brasil que já fazem parte do
cotidiano dessas crianças. São realmente as brincadeiras cantadas favoritas dessa turma que é
muito animada!
Essa liberdade própria das crianças, me faz lembrar de uma afirmação de Carlos Brandão:
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