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tério de pastor. Nas diversas paróquias rurais próximas a Moscou,
que pouco a pouco lhe foram confiadas, os intelectuais, vindos da
capital, encontravam-se lado a lado com velhinhas e lavradores
locais. Padre Aleksandr fundou grupos de catequese, de preparação
aos sacramentos, de voluntariado para assistência aos doentes e
idosos, de estudo das Sagradas Escrituras; organizou encontros de
famílias e de jovens, e promoveu festas para as crianças. Nasceu
ali uma autêntica comunidade cristã que, no meio de uma sociedade
atéia e anti-religiosa, queria mostrar o que a Igreja é, apenas com o
exemplo de suas vidas. No seio desta comunidade, onde se descobriam
e se valorizavam os talentos de cada um, surgiriam obras literárias,
teatrais, musicais, poéticas, e jazz de conteúdo religioso. De início,
seriam encenadas, lidas e executadas às escondidas, em apartamentos
de particulares; depois, com o advento da perestróika1, chegariam
também ao grande público.
Fiel à Igreja Ortodoxa em um dos momentos mais difíceis
de sua história, padre Aleksandr era, ao mesmo tempo, aberto a
uma relação de verdadeira fraternidade com todas as Igrejas cristãs e a uma relação de estima e amor pelo judaísmo e pelas outras
grandes religiões. Desde a época da estagnação e das perseguições
da fé ortodoxa, cultivava relações de profunda amizade com movimentos ecumênicos e espirituais do Ocidente, pertencentes a
diversas Igrejas. Para as comunidades de Taizé, dos Focolares,
de Comunhão e Libertação, de Emmanuel, das Irmãzinhas de
Foucauld, de Jean Vanier, de Daniel-Ange, padre Aleksandr era
um ponto de referência, um rosto risonho da ortodoxia, um irmão
oriental aberto e acolhedor. Durante os anos em que só havia em
Moscou um único sacerdote católico (surdo, quase cego e com mais
de oitenta anos) com direito a administrar os sacramentos, padre
Aleksandr foi também um “porto seguro” para muitos católicos,
russos e estrangeiros, informados sobre o Vaticano II2. Inclusive,
para este que aqui escreve.
1) Perestróika (reconstrução): processo de transformações políticas, econômicas e
sociais que se implantou na então URSS em 1986, sob a liderança do secretáriogeral do Partido Comunista na época, Mikhail Gorbatchov. [N.d.T.]
2) O Concílio Vaticano II dispôs para os católicos a possibilidade de pedir, em determinadas condições, os sacramentos da Penitência e Eucaristia a ministros da
Igreja Ortodoxa (cf. Orientalium Ecclesiarum, 27). [N.d.T.]
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