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às tristezas da vida, mergulha na meditação», diziam os budistas e
os estóicos. «Vive segundo a natureza como todos os outros seres»,
ensinavam os filósofos cínicos e os epicureus. «A felicidade consiste
no saber e na meditação», contrapunham os empíricos. «Purificate com ritos secretos e alcançarás a imortalidade», garantiam os
diversos ocultistas. «Sê fiel ao Deus único e respeita a sua Lei»,
anunciava a religião de Israel. E a águia romana, sempre à cata de
presas, planava sobre este redemoinho de espiritualidade em que
se mesclavam princípios contraditórios, como no caos primitivo.
De quando em quando, reverdecia a esperança de que apareceria
alguém que faria a humanidade sair de tal labirinto. O poeta Virgílio predizia o nascimento de um menino que daria início a uma
nova Era de Saturno. Os budistas esperavam Buda Maitreya; os
hinduístas, uma enésima encarnação do deus Vishnu; os persas,
o salvador Saoshyant; os judeus, o Messias…
De ano em ano, o anseio por atos divinos fazia-se mais
convulsivo na Palestina. O povo esperava que estivesse para
descer do céu o profeta Elias, que deveria completar a unção do
Enviado de Deus. Muitos imaginavam este Enviado como um
grande guerreiro, que aniquilaria os reinos dos pagãos. Outros
acreditavam simplesmente na vitória final do bem sobre o mal, da
luz sobre as trevas, da imortalidade sobre a morte. Numa palavra,
acreditavam que Deus «visitaria o seu povo».
Finalmente, quando tudo parecia já cumprido e acabado,
despontou no horizonte escuro da História o fulgor da manhã.
No vigésimo ano do reinado de Augusto, na cidade de Nazaré,
uma mocinha galiléia ouviu alguém dizer:
«Tu darás à luz um menino e o chamarás de Jesus. Ele
será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e JHWH lhe dará
o trono de Davi, seu pai. Ele reinará na casa de Jacó para sempre,
e o seu reinado não terá fim».
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