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bastante considerável para uma pequena cidade), convergiam sonhadores de toda sorte, pessoas desiludidas e cansadas da vida. A maior parte dos essênios guardava a castidade, enquanto outros levavam uma vida familiar normal. Defensores convictos da chegada iminente do Cristo, os “filhos da luz” preparavam-se para recebê-lo dignamente e estavam persuadidos de que no dia do juízo todos iriam de encontro à morte, menos eles. Os ataques hostis dos membros dessa seita contra a dinastia dos Asmoneus acarretaram perseguições ao “mestre de justiça”. Seus seguidores diziam que a ira divina se desencadearia sobre a casa real para vingar tais perseguições. Este vaticínio dos essênios cumpriu-se meio século após a morte de seu chefe espiritual: em 63 a.C., a Palestina foi ocupada pelas tropas de Pompeu, que a anexou ao Império Romano, deixando apenas um poder irrisório para Hircano II. Mais tarde, em 40 a.C., o Senado Romano outorgou o título de rei da Judéia ao chefe idumeu Herodes, que subiu ao trono de Davi, depois de uma guerra civil de três anos. Neste ínterim, os judeus da diáspora continuavam a assimilar e a incorporar muitos elementos da cultura grega. Os mais doutos buscavam conciliar a filosofia clássica com a Bíblia. Neste sentido, muito trabalhou Filão de Alexandria, contemporâneo de Herodes. Ele falava da força divina que, seguindo os pensadores helênicos, definia Logos, isto é, Verbo, Palavra. O mistério da divindade, dizia Filão, é incompreensível e inefável, mas quando a divindade manifesta sua força e sua bondade, age através da Palavra. Com a Palavra, o Ser cria e sustenta o universo; na Palavra, ele se manifesta aos mortais. Este conceito de Filão sobre a Palavra como intermediário entre o Criador e o cosmo ajudaria mais tarde na formulação das verdades do Evangelho na linguagem da filosofia11. 11) A edição completa das obras de Filão que chegaram até nós (no texto original grego com a tradução em francês e os comentários) foi publicada pela editora francesa Cerf (Les oeuvres de Philon d’Alexandrie, 1-35). Filão de Alexandria exerceu influência determinante sobre vários Padres e Doutores da Igreja, sobretudo Clemente de Alexandria, Orígenes, Basílio Magno e Gregório de Nissa. 37