Preview dos produtos 5693d7e617cdb057579125pdf | Page 36

regra de ouro: «não faças aos outros o que não gostarias que fosse feito a ti», e considerava todo o resto “interpretação” desta norma (cf. Talmude de Babilônia, Shabbat, 31a). Entre os doutores da lei, havia também outra corrente, liderada pelo adversário de Hilel, Schamai. Se o primeiro aceitava de bom grado a conversão de pessoas de diversas etnias à fé do povo de Israel, o outro as rechaçava com desprezo. Schammai atribuía importância capital àquela que ele definia “tradição dos pais”. Seus discípulos costumavam aumentar o número das prescrições cultuais e fazer alarde da própria devoção. Os fariseus eram muito estimados pelo povo, enquanto os saduceus, a aristocracia sacerdotal vinculada estreitamente à corte, lhes eram hostis e não partilhavam com eles muitas posições. Ao contrário dos fariseus, os saduceus acreditavam que, para o homem, tudo terminava com a morte, só reconheciam o Pentateuco e julgavam secundários os escritos dos profetas9. Ricos e soberbos, os saduceus não prestavam especial atenção às profecias que diziam respeito ao Messias e eram decididamente inclinados para as coisas deste mundo e para a política. Contemporaneamente à irmandade dos fariseus, por volta de 160 a.C., surgiu na Palestina uma espécie de ordem monástica chamada “os filhos da luz”, ou essênios10. Não querendo se envolver com o mundo, fonte de pecado, eles se retiravam ao deserto para viver na solidão. Por volta do ano 140 a.C., seu chefe, a quem chamavam “mestre de justiça”, fundou uma colônia às margens do mar Morto, em Qumrã. Lá, afastados da vaidade do mundo, os essênios viviam e trabalhavam em comum, passando o tempo livre em refeições rituais, preces e leituras da Bíblia. Para suas comunidades, que totalizavam até quatro mil pessoas (número 9) Não nos foi legada nenhuma obra referente ao ambiente dos saduceus. Deles falam Flávio, o Talmude, o Novo Testamento e outras fontes. A mais completa coletânea a respeito encontra-se em Le Moine, 1972. 10) A ordem dos essênios desapareceu após a guerra da Judéia com Roma (66-70 a.C.). Sua memória chegou até nós graças ao testemunho de diversos escritores da Antiguidade. Os primeiros manuscritos originais dos essênios só foram encontrados em 1947 em Qumrã, nas proximidades do mar Morto. Desde então, os arqueólogos têm descoberto grande quantidade de textos. 36