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verdade, foi precisamente graças a essa couraça impenetrável de
preceitos que a religião da Bíblia saiu ilesa da batalha que teve
de travar na Palestina sob o rei grego Antíoco Epífanes.
Naquela época, a Grécia, havia muito tempo, deixara de ser a
terra da democracia, vencida pela luta entre as facções, pelas guerras e
pelas discórdias. Em toda parte, o povo aspirava a um governo forte,
centralizado. Por isso, quando, no século IV a.C., o rei macedônio
Alexandre, o Grande, se autoproclamou monarca, estava apenas
cumprindo um processo que começara um século antes.
Querendo conferir a máxima autoridade ao poder real,
Alexandre elevou-se à categoria dos deuses, no que foi seguido por
seus sucessores, como fez exatamente Antíoco IV Epífanes, que
reinou de 175 a 163 a.C. Este soberano, julgando-se um verdadeiro
super-homem, queria reunir os povos a ele submissos inculcando
em todos a civilização helenística, com seu estilo, seus gostos e sua
religião. O intento de Antíoco não encontrou obstáculos, mas a fé
do povo de Israel passou a ser um estorvo para ele.
Em princípio, o clero regular, os doutores da lei e o povo
faziam-lhe apenas resistência passiva, mas assim que ele profanou o
Templo mandando erigir ali um altar para Zeus e começou a infundir
o politeísmo através da violência, o povo se insurgiu. O levante logo
se transformou em uma guerra de libertação nacional, conduzida
por Judas Macabeu, cabeça da linhagem dos Asmoneus.
Nos anos de luta, a palavra profética ecoou mais uma
vez. Um vidente desconhecido, que se ocultou por trás do
nome Daniel, escreveu um livro em que estigmatizava a tirania
e as perseguições religiosas. O autor deu às grandes potências
aparência de feras famélicas e predisse que viria a hora em ]YB