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recebeu do Senhor a ordem de percorrer as cidades e anunciar o
dia do juízo. Ele prevenia: que os israelitas não se prevalecessem de
sua eleição; dignos dela eram apenas aqueles que seguiam a lei de
justiça do Senhor. «Não sois talvez para mim como os etíopes, ó,
vós, filhos de Israel? — diz JHWH. — Por acaso, não fiz sair Israel
do Egito, como os filisteus, de Cáftor e os sírios, de Quir?»
Surgiu também Oséias (por volta de 750 a.C.), que chorou
a decadência espiritual do reino do Norte. Ele pregava que o
amor entre as pessoas agrada mais a Deus do que os rituais mais
pomposos: «Quero misericórdia e não sacrifícios» — disse o
Senhor por seu intermédio.
E Isaías, cidadão de Jerusalém de nobre estirpe, conselheiro influente do rei (por volta de 730 a.C.). Ele não se
deixava enganar pelo esplendor aparente da corte, as multidões
que se aglomeravam no pátio da casa do Senhor não o convenciam. Para ele, nem o incenso, nem as orações substituem a
pureza de coração e a justiça dos atos. «Que me importam os
vossos numerosos sacrifícios? — diz JHWH — Quando vindes
à minha presença, quem vos pediu que pisásseis em meus átrios?
Basta de trazer-me oferendas vãs! Tirai da minha presença
as vossas más ações, deixai de praticar o mal, aprendei a fazer
o bem: buscai a justiça, socorrei o oprimido, protegei o órfão,
defendei a viúva.»
Os profetas foram freqüentemente taxados de utopistas
sociais mas, na realidade, não defenderam nenhuma reforma política. Com efeito, se Platão teorizou um regime com a comunhão
de bens e um controle do governo sobre todas as esferas da vida,
e o filósofo Jâmblico6 sonhava com a Cidade do Sol, onde todos
seriam iguais, os profetas, ao contrário, colocavam em primeiro
plano a fé e os deveres morais do homem. Eles bem sabiam que
não bastam as mudanças exteriores e que a harmonia do mundo
6) Jâmblico (cerca de 250-330 d.C.), filósofo neoplatônico grego de Cálcis, na Celessíria, foi discípulo de Porfírio. Seguiu o emanatismo de Plotino, desenvolvendo mais
seu caráter religioso-místico que o caráter dialético. Interessou-se particularmente
pelo pitagorismo, escrevendo uma Vida de Pitágoras e a Antologia das doutrinas
pitagóricas. Fundou na Síria uma escola neoplatônica e teve entre seus discípulos
o imperador Juliano (chamado o Apóstata), que mais tarde renegou o cristianismo
e tentou a restauração do paganismo. [N.d.T.]
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