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do e no movimento da matéria, cumpria-se para os judeus nas
vicissitudes da história humana. Enquanto os filósofos hindus e
gregos refletiam sobre o caráter efêmero ou eterno dos processos
cósmicos, os profetas de Israel atestavam o fim moral da história
e liam os acontecimentos do presente à luz de sua relação com a
vontade divina» (Dawson, 1960, p. 125).
Observando os ritmos imutáveis da natureza — a aurora,
o crepúsculo, o alternar-se das estações ou o movimento dos
astros —, a maioria dos filósofos da Antiguidade chegara a conceber o caráter cíclico do ser. Segundo esta teoria, tudo se move
como em um círculo, tudo aquilo que já aconteceu certamente
se repetirá e nada pode mudar na origem. Com o nascimento, a
morte e a regeneração, o universo e o homem são envolvidos em
um redemoinho eterno. Aos opositores de tal convicção, a Bíblia
mostrou que a criação é voltada para o alto, tende à perfeição.
Embora as forças do mal cresçam junto com o bem, no final das
contas elas serão debeladas e se abrirá para o mundo o caminho
que leva ao Reino de Deus. Em outros termos, os profetas foram
os primeiros a quem o rumo e o sentido da História foram revelados.
Graças a eles, a doutrina de Moisés adquiriu os delineamentos de uma religião universal, que supera por completo os
antigos cultos nacionais. Segundo Pascal, a única expressão de
fé da Bíblia «deve ser o amor a Deus; e Deus julga todo o resto»
(Pascal, 1984). Este amor exige não tanto cerimônias, quanto
sentimento de humanidade, benevolência e justiça. É por isso
que a justiça social ocupava lugar tão importante na pregação
dos profetas.
Os mestres de Israel, apesar de muito diferentes quanto
ao caráter, ao temperamento e à condição social, possuíam todos
uma característica comum: a inflexibilidade perante aqueles renegados, tiranos e hipócritas, que esperavam “agradar” ao Criador
com sacrifícios e oferendas.
E surgiu assim o tonitruante Elias (por volta de 850 a.C.),
defensor dos perseguidos e oprimidos, que fazia abertamente,
com total destemor, críticas e repreensões ao rei em pessoa.
E o pastor Amós (por volta de 770 a.C.), homem do povo,
que detestava ser chamado de profeta, mas que não calou quando
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