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dedicados a Baal e Astarte, e não se esteve longe de reconhecer oficialmente o paganismo como segunda religião de Israel. Esta crise espiritual era seguida de profundas mudanças sociais. O absolutismo dos monarcas, que ampliavam sempre mais os próprios privilégios, o agravamento das desigualdades sociais, a falta de direitos e a derrocada da classe rural, os pesadíssimos impostos, a infiltração em Israel do luxo e do sensualismo da civilização fenícia… tudo isto não podia deixar de preocupar aquelas pessoas que mantinham a fé no Messias e sofriam com a decadência de sua nação. Elas retomavam os antigos ideais do Sinai, a fé pura e simples do passado patriarcal. Foi justamente deste meio que vieram os profetas, enviados de Deus que exortavam o povo a acordar do torpor espiritual. Em geral, pregavam no Templo. De modo algum pretendiam fundar uma nova religião, mas sim renovar e purificar a que fora transmitida desde os tempos de Moisés. Recusando-se a mentir ao povo em nome de um falso patriotismo, começaram a questionar, sem hesitação, todo o sistema de vida nacional. Os profetas agiram na mesma época em que a crise espiritual da maioria dos países civilizados suscitou uma onda de revoluções religiosas. Tratava-se de uma reviravolta histórica da humanidade comparável apenas ao advento do cristianismo. A antiga visão do mundo que centralizava tudo no rito, no exorcismo, na ação mágica, começava a vacilar. Da China à península itálica, surgiram no mundo inteiro grandes mestres da humanidade, que se propunham a dar novas respostas às mais candentes questões da vida e da fé. Os autores da Upanishad, Buda, Mahavira, Laotsé, Confúcio, Zaratustra e os filósofos gregos foram os sábios que deram ao mundo uma formação espiritual antes da vinda de Jesus de Nazaré. Podem certamente ser contados entre seus precursores, embora, do ponto de vista estritamente teológico, só possamos atribuir este termo aos profetas de Israel. Muitas características comuns aproximam estes últimos dos grandes mestres do Oriente e do Ocidente. Como os ascetas hindus, eles também sabiam que Deus, fonte absoluta do Ser, vai além de tudo aquilo que é terrestre. Como o sábio persa Zaratustra, proclamavam-no Luz e Bem perfeito; como Heráclito, 28