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Prólogo
Na primavera do ano 63 a.C., irrompiam pelas estradas da
Palestina as colunas dos soldados romanos. Atrás delas, avançavam chiando os comboios, roncavam as pesadas máquinas bélicas,
brilhavam as couraças dos legionários por entre a enorme nuvem
de poeira, tremulavam ao vento os estandartes.
Comandava as tropas o chefe Cneu Pompeu, de quarenta
e três anos. Embora acalentasse o sonho secreto de um dia dominar o mundo inteiro, Pompeu adorava cobrir-se com a veste
cândida de árbitro entre as nações e garantia que jamais levara
seus soldados até ali para se apossar de terras alheias. Não, ele
viera como autêntico libertador, como paladino da ordem. Naquele ano, saboreava o ápice da glória e gozava dos favores do
exército. O fato de ter desbaratado os piratas, verdadeiro flagelo
para os navegantes, e de ter coroado de vitória a campanha da
Ásia derrotando Tigrano, da Armênia, e Mitrídates, do Ponto,
reforçara a sua posição, tanto em Roma quanto fora da Urbe.
Pompeu encontrara o Oriente Médio numa fase de luta
fratricida entre pequenos reis e fidalgos provincianos locais. Assim, ele acorrera para “restabelecer a paz”, distribuindo títulos e
coroas, sem descuidar, porém, de fazer de todo o litoral sírio uma
província romana.
Ao mesmo tempo, ganhava força, na Judéia, uma luta acirrada pelo trono de Jerusalém entre Aristóbulo e Hircano, os dois
irmãos que a ele tinham direito. Dirigiram-se, então, a Pompeu,
pedindo que ele arbitrasse aquela discórdia. Entretanto, vendo
que as tratativas em Damasco demoravam mais do que o previsto,
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