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No alvorecer da perestróika, foi o primeiro sacerdote ortodoxo a transpor os umbrais de uma escola do Estado para ministrar
um curso de religião. Em diálogo aberto com o mundo leigo e ateu,
seria convidado com assiduidade cada vez maior a participar de debates e a fazer palestras, ou simplesmente a “falar de Deus”, junto
a associações de cineastas, de artistas, de escritores etc. Nos últimos
anos, padre Aleksandr assumiria compromissos várias vezes na
semana para falar em cinemas, escolas, universidades, na televisão
estatal, em Moscou e no País inteiro…
Pois bem, no dia 9 de setembro de 1990, o machado do assassino
se abateu sobre a cabeça de um homem que não era um mero pároco
de um vilarejo. Era um homem-símbolo de uma Igreja que saía das
catacumbas forte, segura, pronta para o diálogo com o mundo.
Quem matou padre Aleksandr Mien? A KGB? Um exaltado
anti-semita? Um fanático fundamentalista ortodoxo? Ou só um
maluco, um desequilibrado mental? São perguntas talvez destinadas
a ficar sem resposta. O certo é que o “fenômeno Aleksandr Mien”
se tornara embaraçoso e incômodo demais para quem queria fazer
da Igreja apenas um lugar de culto, ou um súdito obediente, ou um
museu do passado.
A obra
Da vasta produção de Mien, a obra que apresentamos ao
leitor é, sem dúvida, sua obra-prima. Antes de tudo, este livro foi
motivo para milhares de pessoas na antiga União Soviética e na
Rússia encontrarem a fé. Além disso, pode ser considerado, sem
exagero, um best-seller em seu gênero. É o que atestam as várias
reedições em russo, que já ultrapassaram a tiragem total de um
milhão de exemplares (sem contar as publicações em revistas, com
tiragem de mais de três milhões), e as traduções em ucraniano,
polonês, italiano, finlandês, inglês, e agora em português.
Mas a obra não encerra apenas o valor, já em si notável, de ter
sido “pioneira”, por se tratar do primeiro livro “evangelizador” de grande
tiragem da Rússia soviética. Não seria suficiente para justificar sua tradução. O livro tem também um grande valor por si mesmo, não somente
por aquilo que representa para mais de uma geração de russos.
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