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perado até o fim da tarde? É possível que essas quatro pessoas tenham deixado tudo, sem se despedirem de ninguém (nem do pai, que estava ali presente!), e seguido um desconhecido que simplesmente lhes disse: «Sigam-me»? Na realidade, essas perguntas não têm a finalidade de nos fazer duvidar da reta intenção do evangelista, e sim evidenciar que Marcos não queria fazer uma reportagem dos fatos; não estamos diante de uma crônica. Sua verdadeira intenção era evidenciar o significado do chamado dos quatro primeiros discípulos e proporcionar assim um tipo de ensinamento útil ao leitor. a) Marcos teve, sem dúvida, a intenção de colocar em primeiro plano a pessoa de Jesus, mas um Jesus já compreendido à luz da fé póspascal. O apelo «sigam-me” e o fato de Jesus mesmo ter tomado a iniciativa do chamado certamente correspondem a uma lembrança histórica. Mas agora, porque Jesus ressuscitou e é o Senhor, é suficiente um olhar («ele viu») e a sua palavra adquire o poder e a eficácia da palavra de Deus. É a autoridade do Senhor ressuscitado que transparece no texto. b) Ao lado dessa intenção cristológica da narração, o evangelista procurou também sublinhar o comportamento obediente dos discípulos, sua presteza em deixar tudo. Seu comportamento “ideal” deve servir de modelo para todos os cristãos. O chamado histórico dos discípulos torna-se, assim, emblemático, a ser atualizado na comunidade. 16